segunda-feira, 11 de junho de 2012


    "Portugal, Açores, Brasil, Uruguai, Estados Unidos e Canadá. Em todos esses lugares povoados por açorianos ou por onde caminhou a diáspora açoriana, junho é mês de celebração do culto ao Divino Espírito Santo. Mas fora de Portugal, em nenhum outro lugar do mundo essa festa pagã e religiosa é tão rica e intensamente cultuada quanto em Santa Catarina.
      Do peditório e das novenas, à coroação do plebeu e aos cortejos, a Festa do Divino Espírito Santo é a expressão mais viva do misticismo cultural açoriano, onde o sagrado e o profano se encontram e onde as classes sociais se igualam por pelo menos três dias. 
Já na cidade de Garopaba, também no litoral catarinense, a comunidade do Morro da Encantada realiza a novena para o Divino Espírito Santo há dezenas de anos dentro de um engenho de fabricar farinha de mandioca.
Procissão do Divino Espírito Santo
Procissão do Divino Espírito Santo

     Para as comunidades açorianas mais tradicionais, a Festa do Divino é um acontecimento religioso tão ou mais importante que o próprio Natal. São objetos utilizados pelos festeiros durante as celebrações e os cortejos: as alfaias que cobrem a imagem do Espírito Santo, a coroa, o cetro, a salva, a bandeira, bordões, velas, estandartes, além dos instrumentos musicais, como o tambor e a rabeca, usados nascantorias do Divino. Tanto em Santa Catarina quanto nos Açores, as festas são realizadas no mês de junho, em comemoração ao Petencostes (cinqüenta dias após a ressurreição).
     A riqueza da indumentária, dos trajes de imperadores-mirins, e a ostentação da Bandeira do Divino Espírito Santo, o maior símbolo da manifestação, expressam bem a importância simbólica dessa cerimônia, que dura 50 dias, incluindo os rituais preparatórios e três dias de festa propriamente dita. Tudo inicia com as novenas preparatórias, o peditório da passagem de casa em casa das comunidades e irmandades carregando a imagem do Espírito Santo. O ritual prossegue com os cortejos,cantorias, missas, os leilões de prendas arrecadadas, bailes, folias e comilanças até a coroação do plebeu e a eleição do festeiro para organizar o evento do ano seguinte.
ORIGEM HISTÓRICA
     Criada pelo abade Joaquim de Fiori, a Teoria do Espírito Santo, que deu origem a esse ritual, foi introduzido no século XII, na Itália. Como a celebração fracassou em sua terra natal, o religioso a trouxe para Portugal. O ritual herdado dos açorianos passou por muitas atualizações, como a cobrança dos pratos e quitutes produzidos pela comunidade em favor da Igreja.
     No arquipélago dos Açores, as esculturas comestíveis de partes do corpo (mãos, pés, braços, cabeça, coração) que são oferecidas pelos beneficiados de uma graça divina em gesto de retribuição são moldadas em alfenim, uma mistura doce feita de açúcar, trigo e limão. Já no litoral catarinense, os moldes ganham corpo em massa sovada de pão.
     Tanto lá quanto cá permanecem elementos marcantes, como a coroação do plebeu, o ponto alto da festa, quando um religioso transfere para alguém da comunidade a coroa, pela qual recebe o poder real e divino de mediar o destino do seu povo. O gesto significa que a comunidade não precisará de um monge nem de um sacerdote para guiá-la, pois as hierarquias foram suspensas e todos estão em condições de igualdade em um momento de conflito bélico, por exemplo, o que lembra muito os rituais pagãos do Carnaval."

Procissão do Divino Espírito Santo

Fonte:http://nea.ufsc.br/


Nenhum comentário:

Postar um comentário