domingo, 24 de junho de 2012

Curiosidades sobre a língua...

A mais antiga notícia que nos fala da saída de alguns casais para o Brasil é- -nos fornecida por Gaspar Furtuoso, primeiro historiador micaelense (1522-1591), que escreveu as suas crônicas no terceiro quartel do século XVI. Escreve o cronista a dado passo que “… no ano de mil quinhentos e setenta e nove, sendo de muita esterilidade, como haviam sido muitos atrás desse, ficaram os moradores da ilha tão atribulados e pobres, que não se podiam manter nela, vendo ele [Diogo Fernandes Faleiro] alguns parentes seus em semelhante aflição, os persuadiu que se quisessem sair daquela miséria e se fossem para o Brasil, para o que gastou com eles, provendo-os de todo o necessário para sua embarcação, duzentos mil reis…”

Conquanto se tenha estabelecido que a primeira saída de famílias açorianas para Terras de Santa Cruz se tenha verificado no ano de 1677, causada por cataclismos vulcânicos ocorridos nas ilhas do Faial e Pico, não há dúvida nenhuma de que o testemunho de Gaspar Frutuoso, atrás citado, é claro, tendo o cronista, além do mais, sido contemporâneo do acontecimento, o que lhe confere um elevado grau de credibilidade. As causas aduzidas pelo historiador micaelense e que estão na origem do mais antigo movimento emigratório açoriano são na verdade causas econômicas - a esterilidade dos campos. É natural, como ficou lavrado na crônica, que aquele movimento emigratório apenas se circunscrevesse a duas ou três famílias não encontrando, até ao século seguinte, grande adesão por parte de outras.

Em 1677 as ilhas do Faial e do Pico são sacudidas por fortes abalos sísmicos que destruíram algumas freguesias, deixando as respectivas populações na miséria e na desgraça. Em face dessa situação alarmante, dezenas de famílias abandonam a sua terra e embarcam para o Brasil em busca de uma vida melhor. Os emigrantes assentaram arraiais sobretudo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, onde se formaram, no decorrer do século XVIII, grandes colónias. Ainda hoje, em Porto Alegre, existe no “centro” da cidade um monumento e um viaduto dos açorianos magnificamente enquadrado na parte nova da cidade e conservado como relíquia, em homenagem aos que foram praticamente os fundadores da cidade. A sua adaptação ao novo ambiente tropical não foi penosa, pelo contrário, houve uma íntima comunhão do emigrante com o meio, rápida e eficaz, tornando-o aventureiro, com espírito vivo e caráter franco.

Foi no decorrer do século XVIII que a corrente emigratória para o Brasil se tornou bastante forte. No século XVII, como ficou atrás escrito, houve um grande declínio na economia, com uma acentuada quebra na produção do trigo, da cana do açúcar e do vinho. Apesar da introdução de novas culturas, a crise não diminuiu, atingindo as classes mais desfavorecidas que se viram obrigadas a emigrar para o Brasil. Daí que a emigração açoriana tivesse começado a sério no século XVII, embora só atinja verdadeiro significado no decorrer do século seguinte. No reinado de D. João V era ainda bastante acentuado o êxodo dos açorianos para o Brasil. O fato de no século XVIII ser bastante forte a corrente emigratória dos Açores pode explicar-se não só por causas econômicas, mas também pela existência já de causas psicológicas (o exemplo dos conterrâneos que melhoraram suas vidas) e familiares (a tendência humana e natural de juntar o agregado familiar no mesmo local). No entanto, não se pode perder de vista que o leit motiv foi, e ainda hoje continua a ser, a necessidade de angariar sustento, de conseguir melhores condições de vida, negadas na sua terra natal.

Em meados do século XIX, porém, e contrariando um pouco a idéia exposta de que o surto emigratório açoriano para terras brasileiras termina por volta de 1807, verifica-se uma saída de mulheres açorianas para os prostíbulos do Rio de Janeiro. No volume décimo das “Farpas”, Ramalho Ortigão esclarece-nos sobre esse “cristianíssimo” comércio de carne humana, expressão mais degradada e degradante do mercantilismo a que, em muitos casos, não escapa a emigração, que, por seu turno, mais não é do que a venda da força do trabalho em troca do sustento. Meditemos neste trecho extraído da mencionada obra: “Os Açores são a parte do país que exporta maior número de mulheres. Estas mulheres são escrituradas ao chegarem ao Rio de Janeiro, muitas delas a bordo mesmo dos navios que as transportam. Escolhem-se pelo aspecto físico: uns preferem as louras, outros as morenas. As mais bonitas são as que se acomodam mais depressa. Os fazendeiros encomendam-nas do interior aos seus correspondentes: “Quando chegar o paquete próximo mande-me duas caixas de vinho do Porto e uma ilhoa gorda, de dezoito anos e olho preto.”

Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram os locais preferidos pelos imigrantes açorianos. Em conseqüência desse fato, constituíram-se nessas regiões grandes colónias de açorianos, cuja linguagem e maneira de falar típica influenciaram o português do Brasil. Ao contrário do que durante muito tempo se pensou, não foi a língua brasileira que exerceu influência sobre alguns sons da língua portuguesa, dando origem ao que vulgarmente se chama “brasileirismos”. Foi o português falado nos Açores que exerceu influência, sobretudo nas regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul onde a presença açoriana foi um facto entre 1617 e 1807, sobre o português do Brasil. Assim, a palavra “ sinhá” (senhora) talvez tivesse origem em “senhara”, ainda hoje ouvida em várias localidades da ilha de S. Miguel, sobretudo entre as pessoas mais humildes. A troca do “lh” por “i” como em “muié” (mulher), “óia” (olha), “fôia” (folha), “mio” (milho), “taião” (talhão) muito vulgar na língua brasileira de certas regiões (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foi também influência exercida pelos emigrantes provindos dos Açores aí radicados, principalmente da Ilha de S. Miguel. Com efeito, na freguesia de Arrifes do distrito de Ponta Delgada (uma das maiores senão a maior de Portugal), ouve-se pronunciar do mesmo modo esse lh intervocálico. O t que os brasileiros pronunciam th, como em quintha, é também vulgar em certas regiões micelenses: ditho, vinthá (vinde cá). Em certas regiões do Brasil o l intervocálico pronuncia-se lh como em elhéctrico (elétrico), ilhuminação (iluminação). Na ilha Terceira é vulgar ouvir-se o mesmo som para o l intervocálico. É muito natural que o emprego do gerúndio: estou comendo, estou fazendo, estou trabalhando, etc., tão comum na língua brasileira, fosse também influência dos açorianos radicados no Brasil. De fato, ainda hoje, a conjugação perifrástica no gerúndio é vulgaríssima nos Açores, onde as formas verbais estou a correr, estou a fazer, etc., não se ouvem ou raramente se ouvem.

A influência lingüística reflete de maneira acentuada um longo e profundo contacto entre dois povos. Foi o que aconteceu no caso específico do povo açoriano e brasileiro. A corrente emigratória que se estabeleceu a partir dos princípios do século XVII até os princípios do século XIX para as regiões onde essa influência lingüística mais se fez sentir, leva-nos à conclusão de que certas formas típicas do falar brasileiro, como aquelas que acabamos de enumerar, não são mais do que a transposição para o Brasil do português insular. Em abono do que se acaba de afirmar, está o fato de que o emigrante açoriano, uma vez embarcado, muito raramente regressa, excluindo-se, portanto, a hipótese de uma influência de retornados luso-brasileiros sobre o português insular.
Fonte:http://www.portaldodivino.com/acores/emigracao.htm

Cultura Açoriana

Os Açores têm culturas tradicionais importantes para a região em geral e, também, para outros países. Na ilha de São Miguel há culturas industriais, como o ananás cultivado em estufas, o chá, a beterraba-açucareira e o tabaco, também produzido noutras ilhas do Arquipélago. Na ilha do Pico as suas videiras produzem excelentes vinhos apreciados pelos melhores especialistas de vinho. Nas outras ilhas as suas culturas não são revelantes, pois são importadas do Continente e de outros países.

 

Ananás

Tabaco

Beterraba-açucareira

Chá

Videira (cacho de uvas)
Viderinnnnn

Sobre a alimentação açoriana

        Sabe-se que os açorianos têm um paladar muito variado no sentido dos temperos e condimentos do tipo: pimenta, muito sal,variados tipos de gorduras e açúcares. È importante também ressaltar que eles são muito criativos na sua culinária, tanto que, cada ilha aos arredores tem seu prato típico, porém nunca se esquecem de zelar pela culinária tradicional que tanto facinam os turistas.
Um pouco das receitas açorianas:
Bolo de Caramelo
Ingredientes:
100 Grs de açúcar ou 1/2 frasco de açúcar caramelo
Água Q.b.
120 Grs de açúcar
2 Dl. De leite
100 Grs de manteiga
3 Und. Ovos
140 Grs de farinha
2 Und. Colheres de chá de fermento
Modo de Preparo
Com as 100 grs. de açúcar e a água ferva até fazer o caramelo ou utilize caramelo já pronto. Junte o leite e mexa sempre até ficar grosso.
Bata a manteiga com as 120 grs. de açúcar, junte as gemas, o caramelo e a farinha.
No fim junte as claras batidas em neve. Leve ao forno em forma untada e enfarinhada.
Feijoada Açoariana 
Ingredientes:
- 100 gramas de lula temperada
- 15 camarões brancos
- 100 gramas de carne de siri
- 100 gramas de marisco
- 100 gramas de berbigão
- 100 gramas de filé de pescada cortado em cubinhos
- 250 gramas feijão branco, já cozido
- 2 cebolas cortadas
- 2 tomates cortados, sem pele e sem sementes
- Sal a gosto
- 1 folha de louro
- Orégano, cheiro verde e manjericão
- Água
Modo de fazer:
Numa panela aquecida, coloque o óleo e depois a lula, o alho, os camarões, a cebola, a carne de siri e o berbigão. Refogue esses ingredientes e acrescente o tomate e os mariscos. Acrescente a pescada e por último o feijão. Tempere com sal, louro, orégano, cheiro verde e manjericão. Acrescente pouca água e cozinhe por uns 20 minutos. Sirva com farinha branca.

Bolo de Coco
Ingredientes
  • 2 copos de açúcar
  • 2 copos de farinha
  • 1 frasco de leite de coco
  • 4 ovos
  • 1/4 pacote de coco - 50 grs.
  • 1 colher de chá de fermento
Modo de Preparo:
Bata o açúcar com as gemas, junte a farinha e o leite de coco. Bata as claras até ficarem em castelo e junte à mistura. Leve ao forno (250º ou mínimo) em forma untada até ficar loiro.

Bolachas de milho
Ingredientes:
  • 250 grs de farinha de trigo
  • 250 grs de farinha de milho
  • 250 grs de açúcar
  • 250 grs de manteiga
  • 1 xícara de chá de leite
Modo de Fazer:
Amassa-se tudo muito bem e rola-se a massa da grossura de "25 reis" e cortam-se as bolachas com um copo. Vai ao forno em tabuleiro untado.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cantigas do povo dos açores...

Charamba
(Canção da Ilha Terceira)

Padre Filho Espírito Santo
Esta é a vez primeira (bis)
Que neste auditório canto
Em nome de Deus começo
Padre Filho Espírito Santo

Senhora dona de casa
Folha de malva cheirosa
Dai-me licença qu'eu cante
Na vossa sala formosa

À vista trago quem amo
Bem vejo quem 'stou querendo
Defronte está quem adoro
Quero bem a quem'stou vendo

Fonte: Cantigas do Povo dos Açores (Tenente Francisco José Dias/1981)


Modelo de vestimentas da mulher açoriana de antigamente...
O lenço vermelho, a camisa bordada, a saia bordada em vagonite...

Nossa... olhei para essa roupa e me lembrei que quando tinha mais ou menos uns 10 anos, dancei a dança portuguesa na escola. Havia uma professora que nos ensinava. Eu me lembro de minha mãe falando que a música começava e só eu queria rodopiar pelo salão.
Lembro exatamente da minha roupa, usava uma saia preta comprida com faixas coloridas bem em baixo, uma camisa branca, um lenço colorido cobrindo o cabelo e um sapatinho preto...bons momentos...

Por Ana Cláudia Tedesco

Música em açores...

Rádio de Açores

Um pedacinho dos Açores perto de nós

        Santo Antônio da Patrulha é um dos quatro primeiros Municípios do Rio Grande do Sul. Com colonização basicamente de origem açoriana, com o decorrer do tempo passou a ser ocupado também por italianos, alemães e poloneses.
        Em 1760 foi elevado a condição de Freguesia para, em 1809 passar a Vila e, em 03 de abril de 1811 foi instalado o Município de Santo Antônio da Patrulha que recebeu essa denominação em função das patrulhas instaladas em seu território objetivando a cobrança de impostos para a Coroa.
Simultaneamente, Rio Grande, Rio Pardo e Porto Alegre, receberam a mesma condição formando assim os quatro municípios mais antigos do Rio Grande do Sul.
         A presença de casais açorianos em Santo Antônio da Patrulha deu-se por volta de 1760, sendo alguns fugidos de Rio Grande devido a invasão de espanhóis e outros avulsos. "Mas só em 1771 que oficialmente o Governador da Capitania recebeu ordens de assentar casais açorianos em Santo Antônio da Patrulha. Recebiam - DATAS - pedaços de terra de tamanho variável. Segundo o Monsenhor Ruben Neis, foram 28 casais que se localizaram entre a sede do povoado (hoje a Vila de Santo Antônio da Patrulha) e as terras da Lagoa dos Barros." Alguns imigrantes abandonaram suas datas buscando terras em outras localidades, enquanto outros ilhéus ou descendentes os sucediam. A partir daí torna-se morfologicamente definido o primeiro núcleo de povoamento, que é hoje um núcleo histórico localizado na Cidade Alta.
Fonte: Neis, Ruben. Guarda Velha de Viamão. Est./Sulins Figueiredo, Lézia M. C. de