domingo, 24 de junho de 2012

Curiosidades sobre a língua...

A mais antiga notícia que nos fala da saída de alguns casais para o Brasil é- -nos fornecida por Gaspar Furtuoso, primeiro historiador micaelense (1522-1591), que escreveu as suas crônicas no terceiro quartel do século XVI. Escreve o cronista a dado passo que “… no ano de mil quinhentos e setenta e nove, sendo de muita esterilidade, como haviam sido muitos atrás desse, ficaram os moradores da ilha tão atribulados e pobres, que não se podiam manter nela, vendo ele [Diogo Fernandes Faleiro] alguns parentes seus em semelhante aflição, os persuadiu que se quisessem sair daquela miséria e se fossem para o Brasil, para o que gastou com eles, provendo-os de todo o necessário para sua embarcação, duzentos mil reis…”

Conquanto se tenha estabelecido que a primeira saída de famílias açorianas para Terras de Santa Cruz se tenha verificado no ano de 1677, causada por cataclismos vulcânicos ocorridos nas ilhas do Faial e Pico, não há dúvida nenhuma de que o testemunho de Gaspar Frutuoso, atrás citado, é claro, tendo o cronista, além do mais, sido contemporâneo do acontecimento, o que lhe confere um elevado grau de credibilidade. As causas aduzidas pelo historiador micaelense e que estão na origem do mais antigo movimento emigratório açoriano são na verdade causas econômicas - a esterilidade dos campos. É natural, como ficou lavrado na crônica, que aquele movimento emigratório apenas se circunscrevesse a duas ou três famílias não encontrando, até ao século seguinte, grande adesão por parte de outras.

Em 1677 as ilhas do Faial e do Pico são sacudidas por fortes abalos sísmicos que destruíram algumas freguesias, deixando as respectivas populações na miséria e na desgraça. Em face dessa situação alarmante, dezenas de famílias abandonam a sua terra e embarcam para o Brasil em busca de uma vida melhor. Os emigrantes assentaram arraiais sobretudo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, onde se formaram, no decorrer do século XVIII, grandes colónias. Ainda hoje, em Porto Alegre, existe no “centro” da cidade um monumento e um viaduto dos açorianos magnificamente enquadrado na parte nova da cidade e conservado como relíquia, em homenagem aos que foram praticamente os fundadores da cidade. A sua adaptação ao novo ambiente tropical não foi penosa, pelo contrário, houve uma íntima comunhão do emigrante com o meio, rápida e eficaz, tornando-o aventureiro, com espírito vivo e caráter franco.

Foi no decorrer do século XVIII que a corrente emigratória para o Brasil se tornou bastante forte. No século XVII, como ficou atrás escrito, houve um grande declínio na economia, com uma acentuada quebra na produção do trigo, da cana do açúcar e do vinho. Apesar da introdução de novas culturas, a crise não diminuiu, atingindo as classes mais desfavorecidas que se viram obrigadas a emigrar para o Brasil. Daí que a emigração açoriana tivesse começado a sério no século XVII, embora só atinja verdadeiro significado no decorrer do século seguinte. No reinado de D. João V era ainda bastante acentuado o êxodo dos açorianos para o Brasil. O fato de no século XVIII ser bastante forte a corrente emigratória dos Açores pode explicar-se não só por causas econômicas, mas também pela existência já de causas psicológicas (o exemplo dos conterrâneos que melhoraram suas vidas) e familiares (a tendência humana e natural de juntar o agregado familiar no mesmo local). No entanto, não se pode perder de vista que o leit motiv foi, e ainda hoje continua a ser, a necessidade de angariar sustento, de conseguir melhores condições de vida, negadas na sua terra natal.

Em meados do século XIX, porém, e contrariando um pouco a idéia exposta de que o surto emigratório açoriano para terras brasileiras termina por volta de 1807, verifica-se uma saída de mulheres açorianas para os prostíbulos do Rio de Janeiro. No volume décimo das “Farpas”, Ramalho Ortigão esclarece-nos sobre esse “cristianíssimo” comércio de carne humana, expressão mais degradada e degradante do mercantilismo a que, em muitos casos, não escapa a emigração, que, por seu turno, mais não é do que a venda da força do trabalho em troca do sustento. Meditemos neste trecho extraído da mencionada obra: “Os Açores são a parte do país que exporta maior número de mulheres. Estas mulheres são escrituradas ao chegarem ao Rio de Janeiro, muitas delas a bordo mesmo dos navios que as transportam. Escolhem-se pelo aspecto físico: uns preferem as louras, outros as morenas. As mais bonitas são as que se acomodam mais depressa. Os fazendeiros encomendam-nas do interior aos seus correspondentes: “Quando chegar o paquete próximo mande-me duas caixas de vinho do Porto e uma ilhoa gorda, de dezoito anos e olho preto.”

Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram os locais preferidos pelos imigrantes açorianos. Em conseqüência desse fato, constituíram-se nessas regiões grandes colónias de açorianos, cuja linguagem e maneira de falar típica influenciaram o português do Brasil. Ao contrário do que durante muito tempo se pensou, não foi a língua brasileira que exerceu influência sobre alguns sons da língua portuguesa, dando origem ao que vulgarmente se chama “brasileirismos”. Foi o português falado nos Açores que exerceu influência, sobretudo nas regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul onde a presença açoriana foi um facto entre 1617 e 1807, sobre o português do Brasil. Assim, a palavra “ sinhá” (senhora) talvez tivesse origem em “senhara”, ainda hoje ouvida em várias localidades da ilha de S. Miguel, sobretudo entre as pessoas mais humildes. A troca do “lh” por “i” como em “muié” (mulher), “óia” (olha), “fôia” (folha), “mio” (milho), “taião” (talhão) muito vulgar na língua brasileira de certas regiões (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foi também influência exercida pelos emigrantes provindos dos Açores aí radicados, principalmente da Ilha de S. Miguel. Com efeito, na freguesia de Arrifes do distrito de Ponta Delgada (uma das maiores senão a maior de Portugal), ouve-se pronunciar do mesmo modo esse lh intervocálico. O t que os brasileiros pronunciam th, como em quintha, é também vulgar em certas regiões micelenses: ditho, vinthá (vinde cá). Em certas regiões do Brasil o l intervocálico pronuncia-se lh como em elhéctrico (elétrico), ilhuminação (iluminação). Na ilha Terceira é vulgar ouvir-se o mesmo som para o l intervocálico. É muito natural que o emprego do gerúndio: estou comendo, estou fazendo, estou trabalhando, etc., tão comum na língua brasileira, fosse também influência dos açorianos radicados no Brasil. De fato, ainda hoje, a conjugação perifrástica no gerúndio é vulgaríssima nos Açores, onde as formas verbais estou a correr, estou a fazer, etc., não se ouvem ou raramente se ouvem.

A influência lingüística reflete de maneira acentuada um longo e profundo contacto entre dois povos. Foi o que aconteceu no caso específico do povo açoriano e brasileiro. A corrente emigratória que se estabeleceu a partir dos princípios do século XVII até os princípios do século XIX para as regiões onde essa influência lingüística mais se fez sentir, leva-nos à conclusão de que certas formas típicas do falar brasileiro, como aquelas que acabamos de enumerar, não são mais do que a transposição para o Brasil do português insular. Em abono do que se acaba de afirmar, está o fato de que o emigrante açoriano, uma vez embarcado, muito raramente regressa, excluindo-se, portanto, a hipótese de uma influência de retornados luso-brasileiros sobre o português insular.
Fonte:http://www.portaldodivino.com/acores/emigracao.htm

Cultura Açoriana

Os Açores têm culturas tradicionais importantes para a região em geral e, também, para outros países. Na ilha de São Miguel há culturas industriais, como o ananás cultivado em estufas, o chá, a beterraba-açucareira e o tabaco, também produzido noutras ilhas do Arquipélago. Na ilha do Pico as suas videiras produzem excelentes vinhos apreciados pelos melhores especialistas de vinho. Nas outras ilhas as suas culturas não são revelantes, pois são importadas do Continente e de outros países.

 

Ananás

Tabaco

Beterraba-açucareira

Chá

Videira (cacho de uvas)
Viderinnnnn

Sobre a alimentação açoriana

        Sabe-se que os açorianos têm um paladar muito variado no sentido dos temperos e condimentos do tipo: pimenta, muito sal,variados tipos de gorduras e açúcares. È importante também ressaltar que eles são muito criativos na sua culinária, tanto que, cada ilha aos arredores tem seu prato típico, porém nunca se esquecem de zelar pela culinária tradicional que tanto facinam os turistas.
Um pouco das receitas açorianas:
Bolo de Caramelo
Ingredientes:
100 Grs de açúcar ou 1/2 frasco de açúcar caramelo
Água Q.b.
120 Grs de açúcar
2 Dl. De leite
100 Grs de manteiga
3 Und. Ovos
140 Grs de farinha
2 Und. Colheres de chá de fermento
Modo de Preparo
Com as 100 grs. de açúcar e a água ferva até fazer o caramelo ou utilize caramelo já pronto. Junte o leite e mexa sempre até ficar grosso.
Bata a manteiga com as 120 grs. de açúcar, junte as gemas, o caramelo e a farinha.
No fim junte as claras batidas em neve. Leve ao forno em forma untada e enfarinhada.
Feijoada Açoariana 
Ingredientes:
- 100 gramas de lula temperada
- 15 camarões brancos
- 100 gramas de carne de siri
- 100 gramas de marisco
- 100 gramas de berbigão
- 100 gramas de filé de pescada cortado em cubinhos
- 250 gramas feijão branco, já cozido
- 2 cebolas cortadas
- 2 tomates cortados, sem pele e sem sementes
- Sal a gosto
- 1 folha de louro
- Orégano, cheiro verde e manjericão
- Água
Modo de fazer:
Numa panela aquecida, coloque o óleo e depois a lula, o alho, os camarões, a cebola, a carne de siri e o berbigão. Refogue esses ingredientes e acrescente o tomate e os mariscos. Acrescente a pescada e por último o feijão. Tempere com sal, louro, orégano, cheiro verde e manjericão. Acrescente pouca água e cozinhe por uns 20 minutos. Sirva com farinha branca.

Bolo de Coco
Ingredientes
  • 2 copos de açúcar
  • 2 copos de farinha
  • 1 frasco de leite de coco
  • 4 ovos
  • 1/4 pacote de coco - 50 grs.
  • 1 colher de chá de fermento
Modo de Preparo:
Bata o açúcar com as gemas, junte a farinha e o leite de coco. Bata as claras até ficarem em castelo e junte à mistura. Leve ao forno (250º ou mínimo) em forma untada até ficar loiro.

Bolachas de milho
Ingredientes:
  • 250 grs de farinha de trigo
  • 250 grs de farinha de milho
  • 250 grs de açúcar
  • 250 grs de manteiga
  • 1 xícara de chá de leite
Modo de Fazer:
Amassa-se tudo muito bem e rola-se a massa da grossura de "25 reis" e cortam-se as bolachas com um copo. Vai ao forno em tabuleiro untado.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cantigas do povo dos açores...

Charamba
(Canção da Ilha Terceira)

Padre Filho Espírito Santo
Esta é a vez primeira (bis)
Que neste auditório canto
Em nome de Deus começo
Padre Filho Espírito Santo

Senhora dona de casa
Folha de malva cheirosa
Dai-me licença qu'eu cante
Na vossa sala formosa

À vista trago quem amo
Bem vejo quem 'stou querendo
Defronte está quem adoro
Quero bem a quem'stou vendo

Fonte: Cantigas do Povo dos Açores (Tenente Francisco José Dias/1981)


Modelo de vestimentas da mulher açoriana de antigamente...
O lenço vermelho, a camisa bordada, a saia bordada em vagonite...

Nossa... olhei para essa roupa e me lembrei que quando tinha mais ou menos uns 10 anos, dancei a dança portuguesa na escola. Havia uma professora que nos ensinava. Eu me lembro de minha mãe falando que a música começava e só eu queria rodopiar pelo salão.
Lembro exatamente da minha roupa, usava uma saia preta comprida com faixas coloridas bem em baixo, uma camisa branca, um lenço colorido cobrindo o cabelo e um sapatinho preto...bons momentos...

Por Ana Cláudia Tedesco

Música em açores...

Rádio de Açores

Um pedacinho dos Açores perto de nós

        Santo Antônio da Patrulha é um dos quatro primeiros Municípios do Rio Grande do Sul. Com colonização basicamente de origem açoriana, com o decorrer do tempo passou a ser ocupado também por italianos, alemães e poloneses.
        Em 1760 foi elevado a condição de Freguesia para, em 1809 passar a Vila e, em 03 de abril de 1811 foi instalado o Município de Santo Antônio da Patrulha que recebeu essa denominação em função das patrulhas instaladas em seu território objetivando a cobrança de impostos para a Coroa.
Simultaneamente, Rio Grande, Rio Pardo e Porto Alegre, receberam a mesma condição formando assim os quatro municípios mais antigos do Rio Grande do Sul.
         A presença de casais açorianos em Santo Antônio da Patrulha deu-se por volta de 1760, sendo alguns fugidos de Rio Grande devido a invasão de espanhóis e outros avulsos. "Mas só em 1771 que oficialmente o Governador da Capitania recebeu ordens de assentar casais açorianos em Santo Antônio da Patrulha. Recebiam - DATAS - pedaços de terra de tamanho variável. Segundo o Monsenhor Ruben Neis, foram 28 casais que se localizaram entre a sede do povoado (hoje a Vila de Santo Antônio da Patrulha) e as terras da Lagoa dos Barros." Alguns imigrantes abandonaram suas datas buscando terras em outras localidades, enquanto outros ilhéus ou descendentes os sucediam. A partir daí torna-se morfologicamente definido o primeiro núcleo de povoamento, que é hoje um núcleo histórico localizado na Cidade Alta.
Fonte: Neis, Ruben. Guarda Velha de Viamão. Est./Sulins Figueiredo, Lézia M. C. de

Um pouco da cultura açoriana em Santo Antônio da Patrulha

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Sugestões de Práticas Pedagógicas

Diante das muitas culturas que fazem parte da escola e da sociedade, não se pode mais falar em modelos únicos, em um tipo, em uma raça... é preciso falar na pluralidade, nas muitas identidades, nas muitas culturas. Assim, é importante que a criança, adolescente e adulto tenha acesso ao diferente, as diversidades, a outras culturas para que aprendem com as mesmas. Mesmo que já possuem suas identificações e preferências é preciso perceber o outro e o que o outro traz consigo.
Na educação infantil e nas séries iniciais é possível trabalhar com muitas atividades que contemplem a cultura açoriana, tais como:
-Aprender a cantar as músicas açorianas;
-Dançar danças como as citadas no blog e realizar apresentações, o que seria bastante motivador para as crianças;
-Ler histórias infantis que falem do assunto e realizar desenhos;
-Visitar os museus locais, pois em sua grande maioria apresentam salas açorianas;
-Construir fantoches e realizar encenações sobre o Culto ao Espírito Santo, etc;
-Construir livros com desenhos e representações dos açorianos;
-Produzir murais e painel sobre a cultura açoriana, etc.
Na educação de Jovens e Adultos, seria interessante:
-Trabalhar a partir de reportagens sobre as cidades de colonização açoriana, trabalhar o contexto, como vivem hoje os descendentes de açorianos, o que ficou da cultura, se na família alguém é de origem açoriana, como chegaram ao país e a região;
-Trabalhar a partir de cartões postais, onde além de abordar a questão da cultura açoriana, seria possível trabalhar outros conceitos como cidadania, localidade, como vivem, por que essas cidades destacam-se como principais na cultura açoriana, etc.
-Como sugestões os alunos poderiam construir novas reportagens, realizando entrevistas com as pessoas da comunidade, etc.

Trabalhando a colonização Açoriana na Educação Infantil e na Séries Iniciais
Através de um resgate histórico de jogos e brincadeiras como a Pipa, a Cama de Gato, as Bolinhas de gude e as Cirandas de roda, é possível trabalhar as influências que sofremos dos nossos colonizadores açorianos, já que foi através deles que estas brincadeiras chegaram até o Brasil e principalmente até o Rio Grande do Sul.
Quando os portugueses vêm para o Brasil, trazem suas famílias inteiras: maridos, esposas e as crianças também. Todas essas pessoas acabam trazendo para cá seus costumes e seus hábitos, desta forma muitas gerações vão crescer aprendendo a brincar com aquelas coisas que os açorianos trouxeram.
A partir disso podemos confeccionar brinquedos com os alunos, estudar os materiais que são necessários para sua construção, aprender as regras de cada brincadeira e ainda conhecer a história do lugar onde vivemos e os acontecimentos que antecederam nosso tempo. Além de brincar, interagir com os colegas e com as professoras, os alunos estão conhecendo suas próprias suas origens.
Atividades:
                     Trabalhar as grandes navegações;
                     A imigração;
                     A cultura;
                     Entender a origem de determinadas coisas que fazem parte dos nossos costumes.
Através de contações de histórias, visitas a pontos turísticos, observações, rodas de conversas...

Preconceito

Preconceito

 

Imagens distorcidas que geram desunião entre povos com tanto em comum

Por Luiz Nascimento
Dando sequência à série de textos sobre a desmistificação de Portugal, abordarei hoje a questão da imagem que os brasileiros têm dos portugueses e vice-versa. Ambos os lados têm uma imagem distorcida do outro, cada qual com seu motivo. Novamente, quero deixar claro que não tenho a pretensão de ser dono da verdade, mas apenas esclarecer a visão preponderante nos dois países, de alguém que vive no Brasil, mas que já esteve em Portugal e mantém contato com portugueses diariamente. Essa questão da imagem que os brasileiros criam dos portugueses foi um tema lançado a discussão em Portugal há não muito tempo.
Quando a novela da TV Globo, Negócio da China, passou a ser exibida em solo lusitano, os portugueses se espantaram, e alguns até se revoltaram, com a imagem que se tem deles no Brasil. Na novela, uma caricata família portuguesa era responsável pela pitada de humor na dramaturgia. Idosos com forte sotaque, o homem de bigode, caneta na orelha, dono de padaria e chamado Manuel, a mulher também com um nome bem arcaico, vestida de preto, sempre tendo na família um humor nascido a partir da velha premissa do “português burro”. Houve uma grande discussão em torno desta novela, se ela deveria ou não ser transmitida em Portugal.

PIADA E PRECONCEITO: PORTUGAL X BRASIL

A dinâmica interna do repertório de piadas de cada país (ou de cada comunidade) promove necessariamente a criação de tipos caricaturescos. A tipologia, assim criada, permite não só a organização e a memorização das piadas, mas também a própria criação de novas: a realidade (e também a realidade do humor...) é apreensível na medida em que a linguagem dispõe de referenciais concretos para o pensamento.
O problema está quando estes tipos não são inocentes personagens de ficção - como é o caso dos "Joãozinho", "Juquinha", "Jaimito" ou "Pierino" das piadas de moleque ou de escola - mas identificados com membros de comunidades reais: o português, o negro, etc. (e, mais recentemente, na Europa e, sobretudo em Portugal, o brasileiro!!).
Aí já não há humor, mas os maus humores do escárnio, do preconceito, fonte de ressentimentos e de ódios. Em qualquer caso, a piada discriminatória é, no fundo, um tolo narcisismo que busca afirmar-se a custa do "bem-humorado" rebaixamento do outro.
Como se sabe, no anedotário de cada país há um lugar especial, reservado para o tipo que vai encarnar o papel de tolo: pode ser um imigrante, o natural de um país vizinho, ou de uma região do país, um determinado tipo de profissão; personagens de ficção etc. São os portugueses, alentejanos, belgas, poloneses, irlandeses, leperos, atlantes, os policiais (carabinieri) na Itália, as loiras etc.
Mário Prata, em seu Schifaizfavoire - Dicionário de Português (São Paulo, Globo, 1993, 7a. ed.) aponta algumas características dessa diferença de lógicas: "A lógica deles é única, e a nossa, uma mistura de lógicas negras, portuguesas, índias, italianas, francesas, americanas, alemãs, japonesas etc. etc. etc." (p. 63-64).
"Como é diferente o humor em Portugal" (diríamos, parafraseando o cardeal português da peça de Júlio Dantas). A real criatividade do brasileiro dificulta a tentativa lusa de "devolver na mesma moeda" as "piadas de português", simplesmente trocando "o português" por "o brasileiro" ou o Manuel/Joaquim por, digamos, um Tonho ou Zé (que parecem ser algumas das tímidas tentativas lusas de transposição: de nomes para personagens brazucas que - como eles bem o sabem pelas novelas - não são tão fáceis assim de cristalizar como o reduzido elenco de nomes existentes em Portugal...), ou imitando o sotaque da língua falada no Brasil (o português mal falado, "pretuguês"), ou chamando o outro de "ó cara" etc... Aliás, é muito significativa a própria realidade de que algumas piadas lá (e mesmo em "anedotas de brasileiro"...) tenham de ser explicadas!!
A propósito dos nomes, cabe aqui a observação de Mário Prata sobre os nomes próprios em Portugal: "Há uma lei dizendo os nomes que podem ser dados às pessoas que nascem em Portugal. São pouquíssimos os nomes. Por isso, todos são Manuel, Joaquim, Antônio, José, Luiz, Nuno Vasco, Paulo, Fernando e mais uns dois ou três. E as mulheres são todas Maria. Maria alguma coisa, mas Maria. Em dois anos morando em Portugal, conheci seis Antônio Reis (dois deles irmãos), quatro Fernando Gomes, três Francisco Manso e dezessete Maria João" (pp. 17-18). Já do ponto de vista de Portugal, ridícula é a "criatividade" nossa para dar nomes, estigmatizada na fulminante anedota de brasileiro:
Dois amigos encontram-se depois de muito tempo.
- Como vais, rapaz? - diz o primeiro. - A quanto tempo!
- E' verdade! Casaste-te com a Juliana?
- Sim, casei-me com ela! Ja temos duas filhas lindissimas, a Coristina e a Novalgina! E tu, ainda estas solteiro?
- Nao, casei-me no ano passado e ja tenho uma filhinha pequena.
- E como e que se chama?
- Maria.
- Maria? Não gostei! E' nome de bolacha!


Fonte:http://www.hottopos.com/piadas/brasport1.htm

Gastronomia


Gastronomia

           A Gastronomia portuguesa, ainda que esteja restrita a um espaço geográfico relativamente pequeno, mostra influências mediterrânicas (incluindo-se na chamada “dieta mediterrânica”) e também atlânticas, como é visível na quantidade de peixe consumida tradicionalmente.



A base da gastronomia mediterrânica, assente na trilogia do pão, vinho e azeite, repete-se em todo o território nacional, acrescentando-lhe os produtos hortícolas, como em variadas sopas, e os frutos frescos. A carne e as vísceras, principalmente de porco, compõem também um conjunto de pratos e petiscos regionais, onde sobressaem os presuntos e os enchidos. Com o advento das descobertas marítimas, a culinária portuguesa rapidamente integrou o uso, por vezes quase excessivo, de especiarias e do açúcar, além de outros produtos, como o feijão e a batata, que foram adaptados como produtos essenciais.

Alimentação

A mulher açoriana criou novos pratos, adaptou outros e conservou algumas receitas tradicionais (bacalhoada, caldo verde, açorda, pasteis, empadas, feijoada, cozido, fatias douradas, coscorões, pão-de-ló, papo-de-anjo, sonhos, pães, compotas, marmeladas, frutas cristalizadas,licores.

            A culinária luso-brasileira pode ser assim distribuída pelas regiões gaúchas: Litoral (com influência açoriana) – peixe assado, grelhados, fervido, desfiado, moqueca de peixe, siri na casca, marisco ensopado, arroz com camarão, camarão com pirão. Pirão de água fria, pirão cozido, farofa, cucus torrado, beju, angu de milho, mingau de milho verde, paçoca de carne desfiada, lingüiça frita, feijão mexido, fervido de legumes, açorda, canja, galinhada, fervido de suquete (osso buco), mocotó, bolo de aipim, pães caseiros, “massas doces” (pão doce sovado) “farte” (pão com recheio de melado), melado com farinha de mandioca, roscas de polvilho, roscas de trigo (fritas), rosquetes, “negro deitado” (bolo de panela), bolo frito, sonhos, omelete de bananas, banana frita, pão-de-ló, sequilhos, rapaduras (com diferentes misturas), pé-de-moleque, “puxa-puxa”, balas diversas, pasteis doces e salgados, doce de panela (de frutas), doce de leite, ambrosia, fatias douradas,bolos,pudins,empadas.

Bebidas – Concertada (vinho com água e açúcar), Queimadinha (queimar cachaça com açúcar), Licores diversos (de vinho, de ovos, de butiá,deabacaxietc),Café,mate-doce.

Cozinha Depressão Central (influência açoriana e outras) – Canja de galinha, sopas diversas, feijoada, feijão branco, fervido (com legumes e carne), feijão mexido, quibebe, paçoca de favas, arroz de forno, carne de panela, carne assada no forno, bife enrolado, bife à milanesa, guisado de carne, bolo de arroz, pão recheado, empadas, pasteis, “rosinhas” de massa, ovos mexidos, ovos escaldados, “roupa velha” (sobras), peixe recheado, peixe escabeche, peixe frito, bacalhoada, bolinho de bacalhau. Conservas de pepino e cebola. Galinha assada, galinha recheada, arroz com galinha. Pães de forno, pão de panela, “mãe-benta”, biscoitos, “calça-virada”, coscorões, fatias-do-céu, merengues, broas, pudim de laranja, ambrosia de laranja, “manjar celeste”, pudim de pão, “ovos moles”, “fios-de-ovo”, arroz-de-leite, “bom-bocado”, mandolate, balas de leite, de mel, tortas (doces), pé-de-moleque, “farinha de cachorro” (farinha de mandioca com açúcar).

Bebidas: gemada com vinho, licor de vinho, licores com furtas, vinho de laranja.

Algumas Receitas

Sopa do Espírito Santo (Ilha Terceira)
Ingredientes:
  • 1 l de água (adicione mais se necessário)
  • 1,5 Kg de carne de vaca (peito alto e gordo)
  • 1Kg de ossos de tutano
  • 3 cebolas
  • alho
  • 1 galinha
  • 1 repolho
  • 400 grs de pão duro
  • 9 batatas
  • manteiga
  • sal
  • louro
  • hortelã
Cozem-se as carnes com água, quando estiverem meio cozidas junta-se a galinha, junta-se o repolho (couve merceana) e as batatas.
Parte-se o pão em pedaços e barra-se com manteiga colocando em tigelas com a hortelão.
Vaza-se o caldo de cozer as carnes por cima até ficar bem ensopado.
Abafa-se e só se põe as carnes, o repolho e a batata antes de ser servido.

Sopa de peixe (Ilha de Santa Maria)
Ingredientes:
  • 650 grs. de garoupa
  • 1 cebola
  • 1 dl de azeite
  • 20 grs de banha
  • 1 cl. sopa de massa de tomate
  • 1,5 dl água
  • +-630 grs de batatas
  • 250 grs pão duro
  • hortelã
  • salsa
  • sal
Faz-se um refogado com a cebola picada, o azeite, a banha, a salsa e o tomate, junta-se a água, as batatas e o peixe às postas.
Deixa-se cozer. Numa tigela coloca-se o pão às fatias, com a hortelã.
Quando o peixe estiver cozido e a água a ferver vaza-se por cima .
Os peixes e a batata serve-se à parte

Sopa de feijão com couves (Corvo)
Ingredientes:
  • 1/2 kg. de feijão
  • 1 couve
  • 30 grs. de banha
  • 1 cebola
  • sal
Deixa-se o feijão coberto de água de um dia para o outro, junta-se a cebola e coze-se, o mais rápido é usar a panela de pressão, (se usar feijão enlatado não necessita cozer).
            Depois de cozido rale no passe-vite, junta-se a banha e a couve cortada mais grossa do que para caldo verde levando a cozer novamente.

Canja de galinha
Ingredientes:
  • 2 litros de água
  • miúdos de galinha
  • 1 cebola
  • alho
  • 250 grs de arroz
  • sumo de limão
  • 3 gemas de ovo (opcional)
Cozinhe os miúdos com alho e cebola. Junte o arroz até estar bem cozido. Bata as gemas de ovos e vaze dentro umas colheres do caldo mexendo e misture na sopa.
Na hora de servir cada um use um pouco de sumo de limão.

Pudim de Vinho
Ingredientes:
  • 10 gemas
  • 500 grs. de açúcar
  • 1 cálice de vinho do Porto
  • caramelo
Bate-se todos os ingredientes e coloca-se numa forma caramelizada. Vai a cozer em banho-maria.
Não se deve abrir a forma senão 1,30h depois de estar a cozer. Este pudim é muito bom para fazer juntamente com os cozidos das Furnas.


Ovos moles
Batem-se 20 gemas de ovos, põe-se uma libra de açúcar de lasca ao lume e, fazendo fio, tira-se para fora, a arrefecer. Junta-se lhe então os ovos e vai ao lume que deve ser brando, mexendo sempre para o mesmo lado.

Bolo de Caramelo
Ingredientes:
  • 100 grs de açúcar ou 1/2 frasco de açúcar caramelo
  • água
  • 120 grs de açúcar
  • 2 dl. De leite
  • 100 grs de manteiga
  • 3 ovos
  • 140 grs de farinha
  • 2 colheres de chá de fermento
      Com as 100 grs. de açúcar e a água ferva até fazer caramelo ou utilize caramelo já pronto. Junte o leite e mexa sempre até ficar grosso.
       Bata a manteiga com as 120 grs. de açúcar, junte as gemas, o caramelo e a farinha.
No fim junte as claras batidas em neve. Leve ao forno em forma untada e enfarinhada.


Barriga de Freira (I)
Depois de coada libra e meia de açúcar põe-se ao lume até ficar em ponto de fio, depois deita-lhe, sem tirar o tacho do lume uma fatia de pão que cubra bem o fundo do tacho, e deita-se lhe por cima dezoito gemas de ovos bem batidas e quando estiver cozido, tira-se do lume vira-se num prato e pulveriza-se de canela.
O calor do lume brando. O pão deve ser molhado em leite.

Barriga de Freira (II)
Ingredientes:
  • 600 grs. de açúcar
  • 6 gemas
Junte um pouco de água ao açúcar e faça em ponto de caramelo. Junte as gemas depois de cortadas, e não batidas e seguidamente as claras em castelo. Misture energicamente.

Delícia de mel
Ingredientes:
  • 4 ovos
  • 2 chávenas de açúcar
  • 4 colheres de sopa de mel
  • 2 colheres de sopa de manteiga
  • 2 chávenas de leite
  • 3 chávenas de farinha
  • 2 colheres de chá de fermento
  • 2 colheres de café de canela
Batem-se as gemas com o açúcar e a manteiga derretida. Junta-se os restantes ingredientes e por fim as claras em castelo. Unta-se bem a forma e vai ao forno médio.

Arroz doce com natas
Ingredientes:
  • 200 gr. arroz
  • 1 litro de leite
  • 300 gr de açúcar
  • 50 gr de açúcar
  • 8 gemas
  • 2,5 dl (1 copo) natas
  • casca de limão
Coze-se o arroz com a casca de limão. Junta-se o leite até ferver novamente.
Acrescenta-se o açúcar e ferve mais 5 minutos. Batem-se as gemas com um pouco do molho do arroz e mistura-se mexendo sem deixar ferver.
Bate-se as natas com as 50 grs. de açúcar até ficar em chantilly e junta-se tudo. Deixa-se arrefecer e serve-se.


Danças


Influência da cultura Açoriana
Dança
                    São inúmeras e variadas as danças de base cultural açoriana existente, que refletem influências culturais diversas: luso-açoriana, africana, italiana, cigana, etc.
FANDANGO – dança de salão associada ao bailado de tamancos. Dança rápida, cantada e sapateada, fortemente ritmada, tem origem espanhola. Também aparece no meio rural português, sem canto, apresentado ao som da viola ou da sanfona.
DANÇA DE SÃO GONÇALO – conhecida por fandango de São Gonçalo, é uma dança religiosa que teve origem em Portugal e foi trazida pelos imigrantes, é dançado sempre aos pares e o violeiro faz versos de improviso.
CHAMARRITA ou CHIMARRITA – é uma moda muito alegre e rapidinha, tipo um valsado na ponta dos pés. A dança de chamarrita é muito praticada nos centros de tradições gaúchas, sendo uma das contribuições açorianas à cultura do Rio Grande do Sul.
QUADRILHA – é uma dança com movimentos coreográficos que lembram diversas danças açorianas. A formação de pares, colunas, túnel, cruzamentos, vitalizam a coreografia. É uma dança de salão atualmente realizada nas festas junina das escolas.
RATOEIRA – dança típica de roda que embalava as comunidades, ao som das cantorias e versos de improviso, com a participação sucessiva de seus integrantes, que iam ao interior da roda tirar seus versos, sejam espontâneos ou em resposta a versos provocativos a eles dirigidos.
PAU-DE-FITA – é uma dança em homenagem á fertilidade da natureza, formada por dançarinos, tendo ao centro um pau-de-fita colorida que representava a árvore e seus frutos. A dança consiste em trançar as fitas e depois desfazer o trançado, ao ritmo da cantoria.
FOLGUEDOS
São manifestações folclóricas marcadas por coreografia livres em que os movimentos dos praticantes, a musicalidade e as cantorias, quando existem, refletem a criatividade e a improvisação. Quase todos os folguedos, de fundo profano ou religioso, são de origem açoriana ou resultara de práticas dos descendentes açorianos.
TERNO DE REIS – é uma manifestação folclórica e cultural, através da qual um grupo de pessoas, sai às vésperas do Natal, Ano-Novo e no Dia de Reis, nas portas das casas, cantando e anunciando o nascimento do Menino Jesus, exaltando sua Divindade.
CANTORIAS DO DIVINO – são cantorias que homenageiam o Espírito Santo, saúdam e agradecem as ofertas à bandeira, quando se visitam as famílias de casa em casa. Um grupo de terno costume cantar nestas casas.
FARRA DO BOI OU BRINCADEIRA DO BOI OU BOI-NA-VARA – a farra é tradicionalmente realizada em épocas especiais como Natal, Páscoa e Dias de Santo, nestas ocasiões, as famílias compravam e carneavam um boi, se este fosse bravo ou corredor, antes de ser abatido, era brincado na vara ou solto nos pastos, provocando correrias. Trata-se de uma modalidade de tauromaquia popular advinda dos Açores em meados do século XVIII, inclusa na bagagem cultural luso-ibérica dos casais açorianos, podendo ter adquirido outras formas de acordo com o ambiente, da economia,…

Religião


Religião


             Podemos afirmar, com muita segurança, que uma das marcas mais expressivas que a cultura portuguesa levou ao Brasil é a religiosidade. O culto ao Divino Espírito Santo é a expressão religiosa desta cultura que está praticamente em todos os recantos do nosso país. Esta festa vem de épocas remotas. Instituída em Portugal, pela Rainha Isabel, no século XVI, para cá imigrou com os colonos portugueses, e também pelos jesuítas, que por meio dela conseguiram atrair negros e índios para o seu credo.
A Festa do Divino é a festa da fartura e da prodigalidade, e o seu maior motivo é que o Espírito Santo abençoe com seus dons e dádivas, proteja as terras com boa colheita, mas para isso é preciso que haja muito pão, carne e vinho. Nos dias de hoje, essa festa traz muitos recursos para algumas paróquias que acabam dependendo dos recursos arrecadados, já que os Estado, depois da Proclamação da República deixou de manter a Igreja.
Ao longo dos anos essa festa sofreu influências de várias outras etnias, e misturou-se com os costumes do povo brasileiro.
Outra manifestação de fé era os pagamentos de promessas, assumidos pelos fiéis em troca de alguma graça recebida.
Mesa dos inocentes: é uma promessa que consiste em reunir os inocentes para uma mesa, onde são servidos doces, bolos e guloseimas. A mesa é feita com 12 crianças de idade inferior a 7 anos.
Massas: quando alguém tinha problemas de saúde (braço quebrado ou dores no corpo), era feita uma massa muito gostosa, com o formato da parte doente do corpo. Essa era leiloada em novenas da Igreja. O dinheiro era doado para o Sant. O ganhador mandava entregar a massa a alguém de quem gostasse este por sua vez comia a massa durante a festa.

Origem


Portugueses
Origem da imigração açoriana



      A imigração de casais açorianos para o Brasil começou no séc. XVII, quando famílias constituídas por 219 pessoas embarcaram no dia 29/03/1677, no barco Jesus, Maria e José em Horta, Ilha de Faial, com destino ao Grão Pará, atual estado do Pará.
      Em 1747 o rei de Portugal sentindo a necessidade de povoar as terras meridionais, lançou um edital convidando casais açorianos para virem para o sul do Brasil (SC e RS), pois enquanto no sul o império português se defrontava com o problema de possuir muita terra para pouca gente, nas Ilhas dos Açores a situação era inversa: havia muita gente para pouca terra.
      Assim, a decisão da coroa portuguesa de promover a imigração de açorianos representou a solução de dois problemas: aliviou a pressão populacional nas ilhas e garantiu ao sul um povoamento mais denso, que seria a melhor maneira de garantir a posse de terra. A imigração de casais açorianos foi feita a partir de 1748, calcula-se que entre 1748 e 1756, entraram no RS aproximadamente 2300 açorianos (o que representava dois terços da população gaúcha).
     Os açorianos que se estabeleceram nas terras gaúchas lutaram nos primeiros tempos com muitas dificuldades porque o governo português não cumpria com as promessas feitas.
      A imigração continuou no séc. XX. Ainda hoje nos estados de SC e RS, há sinais evidentes da presença açoriana, não só na arquitetura, mas também nos usos, costumes e tradições. A cidade de Porto Alegre é um exemplo dos bons resultados da colonização açoriana.

       A idéia inicial era utilizá-los para ocupar a região das Missões, que pelo Tratado de Madrid (1750) passaria para Portugal, em troca da Colônia de Sacramento. No entanto, o Tratado foi anulado, Portugal não entregou Sacramento e nem recebeu as Missões, e os açorianos ficaram instalados nas margens do rio Jacuí.

     Com a invasão espanhola (em que foi ocupada a cidade de Rio Grande, em 1763), os comandantes militares portugueses fundaram diversas praças militares ao longo do Jacuí, para garantir o acesso, por via fluvial, a Rio Pardo, que se tornou, após a invasão, o posto mais avançado do domínio português. É nessa época que foram criadas as vilas de Santo Amaro, Triunfo, Taquari e, finalmente, a própria Rio Pardo. Além dos açorianos - que já se encontravam na região - foram concentrados na área os "retirantes" vindos das regiões mais ao sul, como de Rio Grande.

      Tendo recebido pequenas datas de terra e residindo em vilas, os colonos açorianos introduziram no Rio Grande a policultura, plantando aqueles produtos que lhes garantiam a subsistência e vendendo os excedentes nas vilas.

        Entre os seus cultivos destacou-se, até o início do século XIX, o trigo. Mas, em uma região de permanentes conflitos, cercados de grandes propriedades, os colonos açorianos terminaram por se incorporar ao meio, e se transformaram, aos poucos, em estancieiros.

        Essa primeira tentativa de colonização pela pequena propriedade fracassou e seria preciso esperar quase cem anos para que a idéia tivesse sucesso. No entanto, os açorianos deixaram algumas marcas na cultura gaúcha. São tipicamente açorianos os hábitos de se organizar irmandades que se dedicam à manutenção de uma igreja ou de obras de caridade.

        Aliás, uma das mais antigas irmandades do estado, e uma das poucas que ainda funciona, é a de Santo Amaro, fundada em 1814.

                                    


Colonização


Colonização Portuguesa no Rio Grande do Sul

Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões, próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos pelos portugueses, em 1680, quando a coroa portuguesa resolveu assumir seu domínio, fundando a Colônia do Sacramento. Os jesuítas portugueses estabeleceram, em 1687, os Sete Povos das Missões. Em 1737, uma expedição militar portuguesa tomou posse da lagoa Mirim. Em 1742, os colonizadores fundaram a vila de Porto dos Casais, depois chamada Porto Alegre. As lutas pela posse das terras, entre portugueses e espanhóis, teve fim em 1801, quando os próprios gaúchos dominaram os Sete Povos, incorporando-os ao seu território. Em 1807, a área foi elevada à categoria de capitania. Grupos de imigrantes italianos e alemães começaram a chegar a partir de 1824. A sociedade estancieira passou então a coexistir com a pequena propriedade agrícola, diversificando a produção. Durante o século XIX, o Rio Grande do Sul foi palco de revoltas federalistas, como a Guerra dos Farrapos (1835-45), e participou da luta contra Rosas (1852) e da Guerra do Paraguai (1864-70). As disputas políticas locais foram acirradas no início da República e só no governo de Getúlio Vargas (1928) o Estado foi pacificado.
O estado do Rio Grande do Sul possui papel marcante na história do Brasil, tendo sido palco da Guerra dos Farrapos, a mais longa guerra civil do país. Sua população é em grande parte formada por descendentes de portugueses, alemães, italianos, africanos e indígenas. Em pequena parte por espanhóis, poloneses e franceses, dentre outros imigrantes.[15]

Composição étnica

Os principais imigrantes em número foram os portugueses (em grande parte, açorianos), seguidos dos alemães e italianos, que vieram somar-se aos ameríndios e escravos africanos. Também podem-se citar entre os grupos de imigrantes minoritários: espanhóis, poloneses, austríacos, russos, judeus, árabes, japoneses, argentinos, uruguaios, entre outros. Atualmente, a população autodeclara-se da seguinte maneira quanto à raça: 82,3% como brancos, 11,4% como pardos, 5,9% como pretos e 0,4% como amarelos ou indígenas.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul#Cultura


domingo, 17 de junho de 2012

Cidades

MOSTARDAS... INSPIRAÇÃO AÇORIANA

         Mostardas (RS) foi emancipada de São José do Norte, em 1963, possui uma longa e significativa trajetória histórica, intimamente associada à sua localização e a colonização açoriana. Em 1742, havia no território correspondente ao atual município um posto de vigilância, conhecido como “Guarda de Mostardas”. Em 1773 chegaram os primeiros açorianos em Mostardas, que são o fundamento da maior parte dos atuais moradores, que trouxeram os usos e costumes da ilha dos Açores. Possui além de outros pontos turísticos, um centro histórico onde se concentram os elementos significativos que integram seu patrimônio cultural, caracterizado, especialmente, pela arquitetura colonial portuguesa. Um exemplo é a casa de cultura que foi construída em estilo português do inicio do século XIX, abriga hoje, acervo histórico e cultural do povo Mostardense e suas raízes.      Outro exemplo é o Casario Açoriano, tombado pelo patrimônio Histórico do Município desde 1989, guarda prédios de arquitetura açoriana também do princípio do século XIX, com seus telhados com eira e beira. O estilo açoriano destaca-se quanto o alinhamento das ruas, ou seja, ruas estreitas e compridas com casas geminadas umas as outras sem pátios na frente, junto à calçada. O aspecto de serem geminadas reforçava a segurança e economizava paredes. Entre outras características, uma das mais marcantes na cidade é o tipo do telhado com telhas coloniais e beiral tipo eira e beira, as casas do Brasil Colonial possuíam telhado formado por três linhas de telhas sobrepostas. Quando chovia, estes planos alçavam as águas para a rua e para o fundo do terreno. Abaixo do telhado, havia detalhes, chamados de eira, beira e entre beira, que serviam não só como adorno, mas também para distinguir as diferentes classes sociais dos proprietários. Quanto mais detalhes, mais rico o dono da casa. Assim, uma casa que não tivesse eira nem beira mostrava a condição humilde de seu dono. Outra característica é sobre as aberturas, as porta e janelas de tampão com ou sem bandeira (abertura de vidro colocada no alto de portas e janelas) caixilhos tipo guilhotina ou tampão. Ainda existem, no telhado de algumas casas, símbolos açorianos como uma pomba ou coração significando proteção que seriam ícones de fé e de devoção.



Visita à casa da Bisa!
Por Aline Zacca

Casa de vó já é gostosa, imagina da Bisa Landa! Humm, essa não tem igual. É na cidade de Mostardas que mora Dona Iolanda Maciel Zacca, filha de Portugueses, casada com filho de Sírio, Seu Pierre Zacca. Conforme meu sogro, filho de dona Iolanda, seus avós maternos vieram de Portugal para a cidade de Praia Grande, SC. Já os avós paternos vieram da Síria para a cidade de Mostardas, RS. Os dois se conheceram em Praia Grande quando seu Pierre foi trabalhar na cidade como guarda da Malásia, e posteriormente acabou sendo delegado da cidade. O encontro entre os dois aconteceu porque o presídio era no porão da casa da Dona Iolanda. Casaram-se, tiveram um filho, primeiro de sete. Foram morar então na cidade de Mostardas.
Nossa família é realmente uma mistura maravilhosa de culturas, raças, identidades, etc. Meu filho, Augusto Basei Zacca, também tem um pouquinho dessa origem açoriana. Durante a visita na casa da Bisa, entre café da manhã, almoço, café da tarde e janta temos o privilégio de saborear receitas maravilhosas de origem portuguesa como o arroz doce, a doce de leite, ambrosia, compotas de doces, etc e também aproveitamos para conhecer um pouco sobre a história dessas famílias, e a Bisa Iolanda faz isso como ninguém, suas histórias são emocionantes e cheias de muito amor. E suas receitas nem se fala... Nas fotos a seguir está: Fabiano Zacca, Bisa Iolanda, Augusto Zacca, Tio Jandir Zacca. Na segunda foto: Aline Basei Zacca, Bisa Iolanda, Augusto Zacca, Fabiano Zacca. Há, desculpa, esqueci do macaco!